Seduc foca em melhorias com programa de intervenção pedagógica
A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) realizou a primeira reunião com os gestores das 72 escolas da capital e do interior que vão receber as ações do Programa de Intervenção Pedagógica do Amazonas (Pipa). O Pipa é uma ação da Seduc que oferecerá assessoramento didático e pedagógico a escolas com desempenho educacional limitado em Língua Portuguesa e Matemática. O programa foi lançado em abril deste ano, pelo secretário de Educação, Rossieli Soares da Silva.
O ponto de partida para a Seduc identificar as escolas com baixo desempenho educacional serão os indicadores extraídos da análise do desempenho dos estudantes em avaliações como o Sistema de Avaliação do Desempenho Educacional do Amazonas (Sadeam), Prova Brasil e Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
A coordenadora do Pipa, Alcineia Nascimento Albuquerque, explicou que a reunião serviu para apresentar mais detalhes do trabalho aos gestores e esclarecer os motivos que determinaram o ingresso da escola dirigidas por eles no programa. “Para muita gente, o termo intervenção pode soar como se alguém está indo para fazer o trabalho deles, e não é isso. Essa é uma intervenção diferente. É pautada naquilo que o aluno apresentou na avaliação e que a escola tem dificuldade de resolver. De repente, a escola está excelente em um aspecto, mas em outro precisa melhorar”, explicou Alcineia.
No dia 15 de abril, quando o Pipa foi lançado pelo governador do Estado, Omar Aziz, durante encontrão estadual de gestores, o secretário de Estado de Educação, Rossieli Soares da Silva enfatizou que o projeto terá a participação de profissionais dos mais variados programas da Seduc. “O programa visa auxiliar as escolas com deficiências em avaliações do Governo Estadual e Federal. Descobrindo o que a escola não consegue ensinar, vamos atrás do porquê, e nossa equipe de profissionais começa a agir em cima do problema”, ressaltou Rossieli.
A coordenadora do programa explicou que o foco inicial do trabalho são as escolas com turmas de 5º e 9º ano do ensino fundamente, e 3º ano do ensino médio. “Porque são as três séries que são avaliadas pelo conjunto de avaliações de larga escala, no caso o Sadeam, o sistema de avaliação do Estado do Amazonas”, informou Alcineia.
As escolas selecionadas para receber as primeiras intervenções do Pipa estão localizadas em Manaus (62 escolas), Parintins (duas escolas), Itacoatiara (duas escolas), Autazes (três escolas) e Manacapuru (três escolas).
Segundo Alcineia, para chegar à lista de 72 escolas, a Seduc observou, além do desempenho baixo em Língua Portuguesa e Matemática, as escolas que possuem o maior número de estudantes cursando o 5º e 9º ano do ensino fundamental, e o 3º ano do ensino médio. “Então, o critério foi: sua escola está abaixo do básico? É uma escola grande, cuja intervenção pedagógica vai impactar em todo o sistema? Então você é um candidato a participar da intervenção”, explicou Alcineia.
Aplicação
Altamiro Castro é diretor da escola estadual Padre Luiz Ruas. Localizada no bairro Zumbi dos Palmares, na zona Leste de Manaus, a escola é uma das 18 unidades de ensino da Coordenadoria 5 onde o Pipa vai ser aplicado. “Embora algumas pessoas comentem que as piores escolas estão no Pipa, não vejo isso como uma coisa negativa. Acho isso uma coisa boa, porque de repente nós temos oportunidade de não só melhorar os índices dos 5º, 9º e 3º anos, mas também oferecer uma educação de qualidade em todos os níveis”, comentou Altamiro.
Para Altamiro, o Pipa é uma necessidade das escolas. “A gente sabe que existem muitas situações sociais envolvidas que implicam no desempenho dos alunos. Creio que o Pipa veio para somar e dar uma melhor orientação para os profissionais envolvidos diretamente no processo pedagógico: gestores, pedagogos e professores. É uma necessidade das escolas”, disse o gestor.
Em Manaus, a Coordenadoria Distrital 5, responsável pelas escolas da zona Leste, é a que tem o maior número de escolas (18) selecionadas pelo Pipa. Em seguida vem a Coordenadoria 6 (na abrangência do bairro Cidade Nova), com 15 escolas. A Coordenadoria 7 (zona Norte) terá 12 escolas no Pipa.
As Coordenadorias 3 e 4, que abrangem escolas na zona Oeste e Centro-Oeste, tiveram, respectivamente, nove e cinco escolas escolhidas para participarem do programa. A Coordenadoria 1 (Centro) tem uma escola no Pipa e a Coordenadoria 2 uma escola.
A pedagoga Lucilene Amaral prometeu empenho por parte da escola estadual Elda Bitton, na zona Oeste, onde trabalha há um ano. “O Pipa é um reforço a mais que nós estamos tendo como oportunidade para melhorar a proficiência da escola. A nossa escola teve um proficiência baixa. Estou muito feliz com esse programa, que veio para somar e nos ajudar. Nós vamos nos empenhar o máximo possível para que tudo dê certo”, declarou Lucilene.
Próximos passos
No dia 22 de maio, próxima quarta-feira, a coordenação do Pipa inicia visitas às coordenadorias em Manaus com escolas selecionadas para o programa.
Os professores e pedagogos já iniciaram formação para trabalhar junto ao Pipa. O treinamento é realizado pelo Centro de Formação Profissional Padre José de Anchieta (Cepan), pelo Departamento de Políticas e Programas Educacionais da Seduc (Deppe) e pelas sete Coordenadorias.
Como funcionará o Pipa
Com a nota da prova do Sadeam e/ou Prova Brasil acrescentada à taxa de aprovação do estudante, a Seduc chega ao Índice de Desenvolvimento Educacional do Amazonas (Ideam), um indicador de qualidade do ensino de Língua Portuguesa e Matemática nas escolas da rede estadual.
De posse do resultado do Ideam, a coordenação do Pipa identifica as escolas com resultados baixos e inicia o processo de intervenção pedagógica. Atualmente, as informações do Sadeam têm um nível de detalhamento capaz de apontar a dificuldade de cada aluno e turma, o que permite desenvolver ações específicas para cada escola.
As ações de intervenção pedagógica nas escolas compreenderão, por exemplo, visitas semanais de profissionais da Seduc, que orientarão e acompanharão todas as atividades do trabalho, assessoramento pedagógico dos professores e equipe pedagógica das escolas, assim como apoio aos alunos com baixo desempenho por meio do projeto “Criando Oportunidade/Reforço Escolar”.
Também integram as ações do Pipa o treinamento de gestores, pedagogos e professores para que eles saibam identificar nos resultados das avaliações estaduais e federais de desempenho em Língua Portuguesa e Matemática os conteúdos cobrados em cada disciplina. As atividades do Pipa prevêem também a realização de seminários de boas práticas pedagógicas, palestras e oficinas com equipes do programa e coordenadorias regionais e distritais.
Será realizado ainda dentro das ações de intervenção pedagógica o intercâmbio entre as escolas estaduais com visitas para socializar as boas práticas: escolas com bom desempenho pedagógico e gerencial irão compartilhar suas experiências exitosas com aquelas que ainda têm um baixo desempenho.