Escolas estaduais em reservas ambientais atendem a mais de 500 estudantes
Firmando parceria com empresas multinacionais e com a Fundação Amazonas Sustentável (FAS), o Governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), tem implantado escolas públicas estaduais em várias Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) no Amazonas. Nesta semana, estudantes e professores das seis escolas já implantadas estão participando, em Manaus, de um intercâmbio cujo objetivo é a troca de saberes com foco na área de educação ambiental.
Atendendo a mais de 500 estudantes, com a oferta de ensino fundamental do 6º ao 9º ano e ensino médio na modalidade de ‘Educação de Jovens e Adultos’, as seis escolas estão instaladas na reserva do Mamirauá (escola estadual Cinthia Régia Gomes do Livramento), na região do Rio Negro (escolas estaduais Thomas Lovyjoy e Samsung), na comunidade do Juma em Novo Aripuanã (escola estadual J.W. Marriotte), na comunidade Uatumã em Itapiranga (escola estadual Yamamay) e na comunidade Maria Paula no município de Novo Aripuanã (escola municipal Vitor Civita).
Escolas atendem uma grande quantidade de comunidades rurais
De acordo com a gerente de Projetos Complementares da Seduc, Marinete Castro, além de garantir aos estudantes o ensino nas próprias comunidades onde eles residem – inibindo a migração desordenada para a capital – as seis escolas públicas instaladas nas RDS têm uma característica peculiar que é o projeto pedagógico focado na sustentabilidade e educação ambiental. “Como o público-alvo é a população que reside em áreas protegidas, as escolas buscam oferecer formação específica aos estudantes, trabalhando de forma mais intensa a educação ambiental e inserindo os jovens em programas e oficinas específicas focadas na questão da sustentabilidade”, explicou.
Para garantir o pleno desenvolvimento das escolas, o Governo do Estado firmou parceria com a Fundação Amazonas Sustentável e com empresas multinacionais, como a Samsung e a Coca-Cola, que financiam e viabilizam projetos, além de assegurar a manutenção dos espaços educacionais. “São parcerias estratégicas que geram grandes benefícios às comunidades atendidas”, concluiu Marinete Castro.
Estruturas físicas construídas com materiais sustentáveis caracteriza as escolas instaladas em reservas ambientais.
Adaptando-se à realidade cultural das pessoas atendidas, grande parte das escolas possui uma sistemática de atendimento diferente da convencional. Contando com alojamentos, elas oferecem o ensino por meio de módulos e os alunos e professores residem nas próprias escolas em períodos que chegam a 15 dias.
Outra estratégia diferenciada, dada a dificuldade em remanejar professores para as referidas localidades, é o oferecimento pela Seduc de aulas transmitidas ao vivo e geradas de Manaus, via satélite, a partir do Centro de Mídias de Educação. “Com esse sistema, superamos o obstáculo da distância e desenvolvemos um projeto pedagógico de grande qualidade, onde os alunos têm a possibilidade de interagir com os professores que ficam nos estúdios em Manaus e ainda podem dirimir suas dúvidas com professores generalistas que lhes dão suporte para o aprendizado in loco.”, frisou Marinete Castro.
Intercâmbio em Manaus
Nesta semana, no período que se estende dos dias 22 a 27 de setembro, um grupo de 30 alunos das seis escolas está em Manaus participando do primeiro intercâmbio do projeto. Acompanhados por seus professores os jovens estão conhecendo diversas instituições e trabalhando em uma ação de pesquisa cujo foco é a sustentabilidade.
Segundo a especialista em educação ambiental e técnica da Gerência de Projetos Complementares da Seduc, Thelma Prado, a experiência está sendo muito positiva e com grande impacto junto aos jovens. “Para muitos, por residirem em áreas distantes, é a primeira visita a cidade de Manaus. Organizamos, portanto, esse intercâmbio para colocá-los em contato com uma realidade antes nunca vivenciada, proporcionando um maior entendimento sobre os aspectos urbanos da Amazônia, os quais se contrastam com a realidade rural por eles vivenciada diariamente”, informou.
No período de intercâmbio, os estudantes participam de uma intensa programação que inclui visita a empresas do Pólo Industrial de Manaus, à sede da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), ao Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), aos estúdios do Centro de Mídias da Educação, ao Teatro Amazonas e a demais entidades e organizações.
Na tarde da última segunda-feira, 24, os 40 jovens também foram recebidos pelo secretário de Estado de Educação, Rossieli Silva, que falou sobre o compromisso do Governo do Estado em atender suas comunidades com um projeto diferenciado de ensino.
Estudantes que participam do intercâmbio foram recebidos pelo secretário da Seduc, Rossieli Silva.
Thelma Prado acrescentou que o intercâmbio está sendo marcante também para os professores que atuam nas escolas. “Nas visitas institucionais eles têm mantido contado direto com pesquisadores e absorvendo novas metodologias e conteúdos para serem aplicados em sala de aulas e em projetos educativos desenvolvidos por eles nas reservas ambientais”, disse a representante da Seduc.
Experiência e aprendizado
Com 15 anos e estudando há três na escola estadual Yamamay, instalada na comunidade Uatumã, em Itapiranga, Jonas Miranda Leite, participa do intercâmbio e se diz beneficiado pela oportunidade. “Esta sendo uma experiência que me oferecerá um grande aprendizado”, revelou.
Para ele, a escola Yamamay está transformando a vida de muitos que vivem na comunidade de Uatumã. “Antes eu precisava me deslocar todos os dias para a sede do município para estudar e como os recursos são limitados, isso poderia me fazer abandonar o ensino. Inaugurada em nossa própria comunidade, a escola está nos ajudando muito, tanto por reduzir as distâncias que existiam quanto por aplicar cursos que podem gerar renda, como os de mecânica, culinária e na área de apicultura”, disse o jovem.
Marcos Souza Gomes, 19, é aluno no 1º ano do ensino médio da escola estadual Samsung e ao participar do intercâmbio também disse que sua escola, instalada na região do Rio Negro, está gerando um impacto positivo. “Sobretudo na época da seca era muito dificultoso vir a Manaus para estudar. Agora a realidade é outra e não pensamos, de forma alguma, em abandonar o ensino. Pelo contrário, queremos concluí-lo e ingressar em uma faculdade”, apontou Marcos, cujo objetivo é cursar uma faculdade na área de Informática.
Estudante Marcos Gomes e professora Lene Souza integram a comunidade escolar da escola estadual Samsung, localizada na região do Rio Negro.
Atuando como professora na escola estadual Samsung (região do Rio Negro), Lene Souza mencionou que as escolas instaladas nas reservas ambientais exercem um grande papel social. “Tanto pela formação oferecida quanto pelo resgate da auto-estima de muitas pessoas que por conta das dificuldades poderiam abandonar os estudos. A educação está trazendo novas perspectivas às comunidades atendidas”, apontou a professora, acrescentando que outro ponto positivo é a integração entre culturas, uma vez que a escola atende inclusive, comunidades indígenas.